Tecnologia

Conheça os bots, os robôs que estão tomando conta da internet

Extremamente dinâmico, volta e meia o mundo digital nos apresenta um termo novo, com o qual começamos a conviver, mesmo sem às vezes entendermos muito bem o ele que significa. Contudo, é importante descobrirmos, pelo menos, o significado daqueles que dizem respeito à nossa própria segurança, inclusive no que se refere à qualidade das informações que consumimos.

Entre as palavras que apresentam conteúdo tecnológico que valem a pena entender, bot deve merecer um destaque especial. Eles são os robôs virtuais que estão tomando conta da internet e que exercem influência cada vez maior em nossa vidas.

Apelido de robô

Normalmente, identificamos os robôs como máquinas que se assemelham a humanos e até temos o entendimento das existência de ferramentas robóticas que atuam na indústria e em outros ambientes. Porém, quando falamos de um bot — a palavra “bot” nada mais é do que o diminutivo de “robot”, em inglês — estamos nos referindo a um robô virtual. Ou seja, estamos falando de um programa de computador que cumpre funções diversas de forma automática — como se fosse um robô — em um ambiente digital.

Como existem muitas funções que são repetitivas ou que exigem ações de grande alcance em termos de volume de dados que devem ser processados e de economia de tempo exigida, os bots surgiram como uma solução eficiente e econômica, que é capaz de atender a várias finalidades, em várias circunstâncias distintas.

Googlebots

Pode parecer que algo dessa natureza esteja distante da nossa realidade diária, mas, na verdade, está muito mais perto do que imaginamos. Por exemplo, um serviço tão essencial quanto é o buscador do Google funciona sobre a ação de bots que foram desenvolvidos para rastrear informações na internet.

Os chamados Googlebots realizam todo o trabalho pesado de indexação das informações de mais de 1,7 bilhões de sites que existem hoje no mundo, o que seria praticamente impossível de se fazer pela ação humana . Quando alguém procura por uma determinada informação, esses robozinhos virtuais classificam os resultados por relevância, considerando a proximidade que há entre o que foi escrito pela pessoa interessada na busca com tudo o que eles já haviam indexado — ou “arquivado” — de informações dos sites existentes, o que fazem com grande eficiência e velocidade incrível.

Chatbots

Outros bots que estão se tornando frequentes são aqueles de atendimento virtual via chat, os chatbots, que podem ser por escrita ou por áudio. Em grande parte dos casos, os chatbots ainda não são eficientes e se tornam até irritantes com aquelas mensagens do tipo “desculpe, não entendi o que você disse” ou “ainda estou aprendendo”. Porém, na medida em que essas ferramentas forem se tornando mais elaboradas, quando elas de fato tiverem indexado as informações de milhões de usuários — ou “aprendido” a lidar com cada um — elas se tornarão extremamente úteis.

O mesmo podemos dizer sobre os chatbots que acessamos por telefone. Para grande parte dos usuários, eles ainda são muito desconfortáveis e dão saudades do velho atendimento humano. Mas, quando estiverem mais desenvolvidos e com as pessoas mais habituadas a eles, a tendência é de se tornarem comuns.

Bots do mal

Se existem vantagens nessa tecnologia, como tudo na vida, o mundo dos bots também tem o seu lado sombrio, onde vivem ferramentas que são destinadas a ações nada louváveis. Como os spam bots, que são robozinhos dedicados a vasculhar a internet o tempo todo em busca de endereços de emails e de números de telefones, que serão utilizados para enviar mensagens não autorizadas. Em situações menos graves, tais mensagens podem conter apenas propaganda. Porém, existem aquelas perigosas, que enviam vírus ou que tentam roubar os dados dos internautas.

Outro função desse robozinho do mal é atuar na criação de perfis falsos e na publicação de postagens nas redes sociais, o que tem potencial de gerar impactos de grande proporção sobre a sociedade. Em 2017, um estudo da Universidade de Indiana, nos Estados Unidos, diz ter identificado 48 milhões de perfis falsos no Twitter que eram operados por bots. Esta quantidade representa incríveis 14,5% do total de 330 milhões de usuários que existiam na rede naquela época.

Mas, o que levaria alguém a criar um robô para atuar nas redes sociais? Muito simples: como esses bots cumprem funções de criar posts próprios ou compartilhar posts de outras pessoas que são publicados no Twitter, Facebook e Instagram, eles podem produzir um tráfego de informações muito superior ao que haveria se apenas humanos estivessem atuando nas redes.

Para o doutor em Informática Luca Ciampaglia, que participou da pesquisa da Universidade de Indiana, existe uma tendência entre as pessoas de confiarem mais em mensagens que sejam publicadas por mais pessoas. Ou seja, quanto mais falam sobre um assunto, mais credível ele se torna. “Os bots se aproveitam dessa confiança fazendo com que as mensagens pareçam tão populares que pessoas reais são induzidas a espalhá-las ainda mais”, diz Ciampaglia.

Esse tipo de ação pode gerar influências decisivas sobre o destino da sociedade. Por exemplo, pode influenciar o resultado de uma eleição presidencial, como há indícios de ter acontecido nos Estados Unidos em 2016. A uma comissão do Senado norte-americano, o Twitter declarou que cerca de 50 mil robôs russos teriam atuado durante as últimas eleições presidenciais daquele país, fazendo isso  em favor do então candidato Donald Trump. Como estratégia, eles compartilhavam os tuítes de Trump em volume 10 vezes maior do que os da candidata adversária, Hillary Clinton, tornando as mensagens do candidato republicano mais visíveis, portanto, mais credíveis para o eleitor.

Ora, como vimos, em grande medida, os bots entraram em nossas vidas para facilitá-las. Por outro lado, precisamos ficar atentos para as situações em que o uso da tecnologia pode afetar a nossa segurança e influenciar decisões importantes para os nossos destinos.