Jogar futebol é bom pra saúde mental
Se você gosta de jogar futebol, na prática sabe que, além dos benefícios físicos, o esporte também favorece bastante à saúde mental. Afinal, o espírito de equipe e a disputa em si, além de divertidos, criam outros fatores de satisfação que merecem ser considerados. Como as brincadeiras antes e depois das partidas e as amizades que se estabelecem.
Mas, será que as boas sensações proporcionadas pelo futebol também são benéficas para pessoas que sofrem com distúrbios mentais? Para responder a esta questão, pesquisadores da Universidade de Gales do Sul, no País de Gales, desenvolveram um estudo que avaliou as respostas de jogadores jovens que apresentam problemas como transtorno depressivo, ansiedade e esquizofrenia, por exemplo, e chegaram a conclusões positivas com os resultados.
Jogo semanal
Durante a fase de levantamento das informações, os participantes disputaram partidas de futebol semanais com duração de 90 a 120 minutos, que foram realizadas por quatro clubes profissionais e semiprofissionais envolvidos com o programa Time to Change Wales, que trabalha contra os estigmas gerados pelos problemas de saúde mental. Após as partidas os jogadores eram entrevistados, relatando as sensações experimentadas.
Respostas como “sinto-me muito mais relaxado” e “seria ótimo fazer isso todos os dias” dão uma ideia geral do que os pesquisados sentiram. Porém, com maior profundidade, houve quem relatasse o desenvolvimento de mais segurança nos relacionamentos sociais. “Você fala sobre o que aconteceu em campo. Isso é o quebra-gelo. Acho que é aí que as pessoas ganham confiança para falar com novas pessoas”, respondeu um jogador.
Conexões
Para os pesquisadores Mark Llewellyn, Philip Tyson e Alecia Cousins, o compartilhamento do campo e do espírito do jogo ajudou na normalização de sentimentos e permitiu que os jogadores construíssem conexões com eles mesmos, como indivíduos, e como membros de uma equipe. Em artigo para o The Conversation, o trio relata que, com os treinadores empenhados em criarem um ambiente positivo e inclusivo, os participantes sentiram-se motivados e comprometidos com o programa.
Os pesquisadores galeses ressaltam que estudos anteriores já relatavam a capacidade apresentada pela atividade física de melhorar sintomas depressivos, com resultados comparáveis aos obtidos com o uso de medicamentos. Ao mesmo tempo, observou-se melhorias na aptidão cardiovascular e na qualidade de vida de pacientes com transtorno depressivo mais acentuado e esquizofrenia. Tais estudos consideraram as intervenções dos exercícios tão eficazes quanto a psicoterapia para determinadas pessoas que sofrem com problemas mentais.
Um recurso a mais
Llewellyn, Tyson e Cousins entendem que a pesquisa que desenvolveram pode servir de base para novos estudos, que são necessários. Eles destacam que cerca de 25% da população britânica adulta enfrenta algum tipo de dificuldade mental, que, geralmente, acaba sendo tratada com remédios e terapias.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), aproximadamente 1 bilhão de pessoas enfrentam transtornos mentais no mundo, sendo que a maior parte da população afetada não te acesso a serviços de saúde mental com qualidade. Segundo a OMS, nos países de baixa e média renda, mais de 75% das pessoas com transtornos mentais, neurológicos e usuárias de drogas não recebem qualquer tipo de tratamento. Somando-se a isso o estigma, a discriminação, a legislação punitiva e as violações dos direitos humanos que comumente ainda ocorrem, temos um quadro social e de saúde pública extremamente grave, que poderia ser tratado, inclusive, por meio das atividades físicas.
A prática esportiva pode ser um bom caminho para o enfrentamento desta situação. Com base nas provas de eficácia que têm sido apresentadas pelos programas baseados em exercícios físicos, os pesquisadores galeses consideram que os responsáveis pelas políticas de saúde pública deveriam considerá-los com maior seriedade.
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