Epidemiologista do Instituto Sabin afirma que pandemia no Brasil está descontrolada e vai piorar. Mas, a população pode agir.
Na contramão de quem deseja forçar algum otimismo diante dos rumos que a Covid-19 está seguindo no Brasil, na tarde de domingo, 24, a médica epidemiologista Denise Garret fez uma afirmação incisiva em sua conta no Twitter. Sem meias a palavras, ela disse que a pandemia no Brasil está descontrolada e que vai piorar. A brasileira é vice-presidente do Instituto Sabin de Vacinas, dos Estados Unidos.
Para a médica, as ações de governo não têm sido efetivas no combate ao coronavírus. Segundo ela, o fato de estarmos expostos a uma nova variante do vírus, mais contagiosa e com possibilidade de escapar da resposta imune, e a falta de doses suficientes de vacinas e sem uma boa perspectiva para os próximos meses, o quadro tende a se tornar ainda mais grave.
Até o dia 24, o Brasil já havia registrado mais de 217 mil mortes. No acumulado, já foi ultrapassada a barreira dos 8,8 milhões de casos, com 7,8 milhões recuperados. Permanecendo, portanto, cerca de 1 milhão de casos ativos. Em todo o mundo, o número de infectados ao longo da pandemia já se aproxima dos 100 milhões, com 54 milhões recuperados e mais de 2,1 milhões de mortes.
A prevenção deve ser mantida
Contudo, Denise Garret destaca que, com atitudes corretas, a população pode evitar que o vírus continue se propagando livremente. A epidemiologista reforça os cuidados básicos que precisam ser adotados com rigor por todos os cidadãos, que incluem o uso de máscara, evitar lugares fechados onde haja mais pessoas e, se for inevitável, que seja mantida a distância mínima de dois metros delas.
A médica ressalta que o uso de máscara de tecido deve estar condicionado ao perfeito ajuste na face, à cobertura da boca e do nariz e que seja confeccionada com três camadas de tecido. “De preferência de material de filtro. Por exemplo, papel filtro de aspirador de pó. Se puder use N95, principalmente em ambientes fechados. É a melhor proteção”, aconselha.
Com relação aos ambientes fechados, principalmente nos mal ventilados, a melhor opção é não compartilhar o ar. “Se não puder evitar, fique o mínimo de tempo possível no ambiente e use uma (máscara) N95. Em nenhuma hipótese retire a máscara, principalmente se outros (estiverem) sem máscaras”, alerta Denise.
Mesmo entendendo que o risco de transmissão é menor em ambientes abertos, bem ventilados, a epidemiologista destaca que também é necessário manter o distanciamento de dois metros. “Mas, se houver pessoas na proximidade, ou ambientes fechados, use máscara como se sua vida dependesse disso — porque depende”, recomenda.
Estudos confirmam a necessidade do distanciamento
Considerando que uma das principais formas de transmissão do SARS-CoV-2 ocorre pelo ar, um artigo de uma equipe liderada pelo pesquisador clínico Nicholas R. Jones publicado no The BMJ, periódico da Associação Britânica de Medicina, analisa o quanto é importante manter a distância mínima de dois metros de outras pessoas como meio de prevenção ao contágio pelo novo coronavírus. No artigo, os pesquisadores separam as gotículas emitidas por uma pessoa em um espirro, por exemplo, em duas categorias: grandes e aerossóis. As gotículas grandes tendem a cair mais rapidamente, percorrendo uma distância entre um e dois metros do emissor. Mais leves, os aerossóis podem chegar a até oito metros de distância.
O artigo ainda destaca levantamentos que foram realizados utilizando o ar à volta de pacientes em locais fechados com Covid-19. Análises laboratoriais sugerem que o vírus tenha permanecido ativo no ambiente por até 16 horas. Contudo, nenhum estudo verificado pelos pesquisadores encontrou o vírus em situação comunitária. Mesmo assim, os pesquisadores não se sentem confiantes em afirmar que esse tipo de propagação não seja possível.
Então, é sempre bom reforçar: use máscara, mantenha o distanciamento social, mantenha a sua higiene sempre com rigor, utilizando sabão e álcool em gel nas mãos, e só saia quando realmente for necessário.
Uma hora tudo isso vai passar e, finalmente, poderemos interagir novamente com o mundo com tranquilidade. Mas, essa hora ainda não chegou.