Cultura

Como obter um bom nível de informação mantendo a sanidade mental

Estamos vivendo um momento especial da chamada Era da Informação, quando o excesso e a variedade de notícias que recebemos a todo momento colocam à prova a capacidade que temos para assimilar tudo e para determinar o que de fato tem valor. Mais do que isso, muitas vezes somos desafiados a distinguir o que é verdadeiro, do mundo da realidade, daquilo que faz parte do universo fantasioso e conspiracionista.

Para complicar ainda mais, os veículos de comunicação muitas vezes se esforçam para imprimir um formato próprio na maneira como a notícia deve ser veiculada. Nesse aspecto, alguns, por exemplo, se posicionam como transmissores de informação, enquanto outros optam pela promoção de agendas com as quais se identificam.

Diante desse quadro, que é mundial, o professor Aly Colón, que leciona Ética Jornalística na Universidade Washington and Lee, dos Estados Unidos, listou no The Conversation sete pontos que pode ajudar a distinguir o que de fato pode ser útil para as nossas vidas daquilo não tem valor. A partir disso, talvez se torne mais fácil focar no que interessa, mantendo a sanidade mental em meio a tanta informação e desinformação.

Confira os pontos que Colón destaca!

1. O que é novidade para você?

De modo geral, entre outras definições possíveis, a notícia é aquilo que transmite os conhecimentos mais recentes sobre as ocorrências locais, estaduais, nacionais e internacionais. Ou seja, na essência, uma notícia é algo que traz a informação verdadeiramente nova.

Diante de tantas possibilidades noticiosas, cabe ao leitor, espectador ou ouvinte fazer a seleção e definir a diferença entre o que é notícia daquilo que é definido pelos veículos de comunicação como sendo notícia. O American Press Institute, por exemplo, observa que o jornalismo busca determinar o “valor jornalístico” contido em uma informação, o que é regra para os jornalistas. É esse valor que define se algo merece ou não ser noticiado. Contudo, esses critérios são averiguados em conformidade com os princípios jornalísticos daquele veículo.

Portanto, de acordo com que lhe interessa, é importante que você filtre o que deseja consumir como notícia, que pode não coincidir com  o que os veículos desejam que você consuma.

2. Saiba mais sobre os veículos que você consulta

Faça uma avaliação mais aprofundada das empresas que produzem as notícias que você habitualmente consome. Descubra qual missão essa empresa assume para si e o que essa missão revela sobre os propósito e promessas que o veículo se propõe a cumprir.

Procure também saber a qual público a empresa se dirige de forma mais dedicada. Estas e outras informações você pode encontrar no site do próprio veículo de notícia no menu “Sobre”, que remete aos relatos sobre o veículo. Pode também estar nas declarações de missão ou em links que remetam a “ políticas e padrões ”.

3. Familiarize-se com os jornalistas que produzem as notícias

Muitas vezes lemos uma notícia sem saber quem a produziu. Porém, é interessante conhecer um pouco mais sobre os jornalistas que produzem o que você lê, ouve ou assiste. Sendo assim, procure saber os nomes dos jornalistas associados à notícia e a formação que eles detêm, o que, geralmente, você consegue encontrar na internet.

Por meio de sites independentes de verificação você pode descobrir o quanto o trabalho daqueles jornalistas é confiável e transparente. Você também pode descobrir se usualmente ou eventualmente eles estão envolvido com propagação de fake news ou se são responsáveis por graves erros recorrentes.

Outro ponto importante a ser verificado é o tipo de abordagem que o jornalista adota. Ele é direto, revela a notícia objetivamente? Ou é interpretativo? Outra possibilidade está na abordagem pessoal do profissional sobre o que é noticiado.

As notícias diretas se concentram em fatos verificáveis. A abordagem interpretativa adiciona a compreensão do jornalista sobre o assunto. Por sua vez, a abordagem pessoal oferece as opiniões do jornalista.

4. Compare diferentes fontes de notícias sobre o mesmo assunto

Consumir notícias de várias fontes permite distinguir as diferenças entre as abordagens, o que facilita a verificação. Nesse sentido, é conveniente observar como um mesmo fato é relatado por diferentes jornalistas.

Se há diferenças nítidas nos relatos, procure identificar quais inclinações cada uma apresenta e quais os enfoques são dados aos fatos noticiados.

5. Compare as suas opiniões com as de outras pessoas

Pergunte aos seus amigos, e mesmo aos que não são amigos, a opinião deles sobre as notícias. Consulte as pessoas que você confia e também as que você não confia. Nos dois casos, procure saber a que fontes de notícias essas pessoas recorrem e em quais confiam. Tente entender como elas avaliam a notícia que você quer testar.

Com base nisso você pode confirmar seus pontos de vistas ou encontrar novas perspectivas. Compare as suas impressões com as demais que você encontrar.

6. Compare os comentários dos analistas de notícias

Faça o mesmo com os colunistas ou comentaristas de notícias, incluindo nesse rol tanto aqueles cujas impressões normalmente coincidem com a sua quanto os que destoam do que você pensa. Procure observar a notícia pelo ponto de vista deles e tente entender o motivo de eles adotarem aquela perspectiva sobre o fato.

7. Decida quais notícias são importantes para você e quais não são

Manter um posicionamento aberto para o consumo de notícias não significa que você tenha que consumir tudo o que lhe é ofertado e muito menos que tenha que acatar cegamente o que lhe é informado. Porém, é importante manter a atenção para tudo o que é produzido.

Em caso de divergências, entre em contato com os produtores de notícias quando achar que o que foi noticiado está incompleto ou incorreto. Aliás, os produtores de notícias que são verdadeiramente profissionais gostam de obter um feedback construtivo. Eles percebem nessa interação uma possibilidade de corrigir erros — afinal, todo mundo erra — e uma oportunidade para melhorar.

Procure ter acesso a mais de uma fonte de informação e de conhecimento, o que, além dos noticiários, inclui revistas, livros, podcasts e Instagram, por exemplo. Ao mesmo tempo, procure consumir notícias variadas, incluindo as boas, as más e, se for necessário, também as ruins.

Por fim, após observar todos os critérios acima, procure fazer uma pausa nos noticiários. Sim! Pare de ler, ouvir ou assistir notícias por um período ainda que breve.

Para o professor Aly Colón, consumir muitas notícias oprime, enquanto a a dieta certa de notícias ilumina.

 


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Uma dica

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