Cultura

Uma qualidade necessária, a criatividade deve ser estimulada na infância

Mais do que uma boa estratégia de educação, estimular a criatividade das crianças é uma necessidade. Afinal, na visão do psicanalista inglês Donald Wood Winnicott, que se aprofundou no universo infantil, é nessa etapa da vida que o potencial criativo atua na formação de uma identidade pessoal que, por usa vez, dará origem a todas as demais realizações do indivíduo no futuro.

Portanto, a opinião especializada reconhece que vale a pena investir em cursos e brinquedos que estimulem a criatividade infantil. Entretanto, em artigo no site The Conversation, o pesquisador e professor de Psicologia Educacional James Kaufman, da Universidade de Connectitut, fez considerações importantes sobre outras medidas que podem ajudar a estimular a lado criativo na infância.

Confira!

Cautela nas recompensas

Para Kaufman, a criança deve manifestar a criatividade em função da diversão que possa surgir da experiência criativa e não visando receber recompensas e elogios . “Claro, não estou dizendo que você não deva pregar a arte de seu filho na geladeira. Mas, evite ser muito genérico (na maneira de recompensar a criatividade)”, destaca.

Ou seja, para o professor, em vez de elogiar uma criação em sua característica geral — como seria ao dizer “que desenho bonito!” —, é mais proveitoso mencionar aspectos específicos da criação — como algo do tipo “você usou cores muito legais nesse desenho!”.

O professor também recomenda que as recompensas sejam úteis para a própria criatividade. “Por exemplo, para uma criança que adora desenhar, dar a ela materiais que possam ser usados em seus desenhos é um exemplo de recompensa que a ajudará a permanecer criativa”, considera.

Kaufman também aconselha dar recompensas para aquelas atividades que requerem a criatividade, mas que não dão prazer à criança. Por outro lado, o pesquisador ressalta que, se a criança já gosta daquilo faz, é até possível que a recompensa ou os elogios que não sejam específicos diminuam algum entusiasmo inicial.

Estimulo à curiosidade e às novas experiências

De acordo com o professor, um estudo conduzido por ele em associação com outros pesquisadores  constatou que pessoas abertas a novas experiências costumam ser mais criativas do que aquelas mais fechadas. “Muitos pais têm filhos que buscam naturalmente por novidades , como comidas, atividades, jogos ou companheiros de brincadeira. Nestes casos, simplesmente, continue a oferecer oportunidades e incentivo”, aconselha.

Porém, para filhos mais reticentes, Kaufman considera oportuno oferecer opções de atividades que possam contribuir para que a criança se torne mais aberta — como, por exemplo, a sugestão de palavras cruzadas ou o sudoku. “A infância e a adolescência são períodos naturais para o desenvolvimento da abertura.  Encorajar a curiosidade e o envolvimento intelectual é uma maneira de alcançar isso”, observa.

Segundo o pesquisador, outros meios que podem ajudar a criança a ser mais aberta a novas experiências seria incentivá-la se arriscar em atividades que, normalmente, ela não buscaria — como as esportivas para uma criança menos atlética ou o aprendizado de um instrumento para aquela que não gosta tanto de música. “Mesmo variações muito simples na rotina, seja tentando um novo trabalho ou um jogo de tabuleiro ou ajudando a preparar o jantar, podem ajudar a fazer com que as novidades sejam vistas como algo normal”, ele diz.

Valorize a opinião da criança

“A maioria das pessoas já ouviu falar de brainstorming (tempestade cerebral) ou de outras atividades nas quais muitas ideias diferentes são geradas. No entanto, é igualmente importante ser capaz de avaliar e de selecionar a melhor ideia de alguém”, sugere Kaufman.

Portanto, o professor considera necessário que a criança atue no processo de análise das ideias. “Se o seu filho procurar sua opinião, cuide para que a resposta seja dada  após ele mesmo ter explorado as ideias possíveis”, sugere

Ensine a dosar a criatividade

Existem situações na vida em que uma solução objetiva é mais apropriada do que uma criativa. Por exemplo, se o uma pia está entupida e a pessoa não tem um desentupidor, em vez de criar algum mecanismo mirabolante para eliminar o entupimento, o melhor é comprar a ferramenta apropriada ou chamar um bombeiro.

Em outras palavras, isso significa que ninguém precisa ser criativo o tempo todo.

Ocorre que, eventualmente, crianças criativas podem querer extravasar a criatividade de forma inconveniente. Como, por exemplo, contestando professores ou expressando ideias de forma inoportuna, o que pode levar a problemas de disciplina e a notas baixas. Para casos assim, Kaufman considera necessário enfatizar para a criança que ela deve compartilhar pensamentos que de fato sejam relevantes para o assunto que está sendo tratado em determinado momento.

No caso em que a criança encontre bloqueios para a criatividade que gostaria de expressar — como o que pode surgir de um professor sem muita paciência com crianças criativas —, o pesquisador sugere que ela seja incentivada a criar uma espécie de “armazém de ideias”. Pode ser um caderno onde o pequeno possa anotar seus pensamentos criativos, reservando-os ali, até que possam ser compartilhados em uma situação oportuna com o próprio professor ou com os pais.

“A criatividade tem uma série de benefícios acadêmicos , profissionais e pessoais . Com alguns toques sutis, você pode ajudar seu filho a crescer e usar a imaginação o quanto quiser”, conclui Kaufman.

 


 

Uma dica

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