Treinamento ensina técnicas para proteger as mulheres do assédio no espaço público
Lançada no Brasil em 5 de outubro, a campanha StandUp L’oréal Paris: contra o assédio nas ruas já ultrapassou a casa das 450 mil pessoas engajadas em todo o mundo e que participaram do treinamento gratuito oferecido pelo projeto. A iniciativa da marca francesa acontece em parceria com movimento Hollaback!, que se dedica a combater o assédio a mulheres, à comunidade LGBTQ+, a negros e a outras etnias e a qualquer grupo que, por algum motivo e de alguma forma, seja marginalizado na sociedade.
Problema mundial
A StandUP se dedica especificamente a proteger o público feminino e a construir espaços seguros para todos. A intenção inicial é de alcançar 1 milhão de pessoas que sejam treinadas para se tornarem Upstanders — termo criado para definir quem se dispõe a adotar atitudes que, comprovadamente, possam intervir com segurança em situações nas quais elas sejam vítimas ou testemunhas de assédio nas ruas.
De acordo com um estudo encomendado pela L’Oreal ao Instituto Ipsos, que, em 2019, entrevistou mulheres nos Estados Unidos, Brasil, Canadá, México, França, Espanha, Itália e Índia, 78% das entrevistadas já sofreram algum tipo de assédio em espaço público. As abordagens vão desde as propostas sexuais mais explícitas até olhares fixos, assobios, comentários e outras atitudes maliciosas.
Formando Upstanders
A ideia de formar os Upstanders parte do princípio da solidariedade e empatia natural que existe e é manifestada cotidianamente. Quando grande parte das pessoas vê alguém deixando um objeto cair em público, por exemplo, instintivamente, se propõe a ajudar, avisando o ocorrido, o que é uma atitudes solidária espontânea.
Com base nisso, os organizadores da campanha resolveram estimular esse tipo de atitude também quando o assédio ocorre em espaços públicos. Assim, em vez de desviar o olhar e se manter em silêncio diante do constrangimento da mulher, a pessoa pode agir de formas assertivas e cautelosas que são informadas no treinamento.
O que representa assédio
De acordo com as definições da campanha, que embasaram o questionário da pesquisa realizada, todas as atitudes abaixo podem ser consideradas assédios.
- Olhares fixos, maliciosos, inadequados e indesejados.
- Assobios, estalos de lábios, ruídos maliciosos.
- Comentários e piadas sexualmente sugestivas sobre o corpo da mulher.
- Humilhação pública que se referem à mulher como uma boneca ou um bebê.
- Pressão para ir a um encontro, fornecer o número de telefone ou outras informações pessoais.
- Perguntas invasivas e repetidas sobre a vida sexual.
- Toque, abraço, beijo indesejado.
- Perseguição ou quando alguém segue a mulher.
- Exposição indecente.
- Descrições gráficas de pornografia ou mostrar imagens sexualmente explícitas.
- Solicitar favores ou serviços sexuais.
E ainda, encostar “acidentalmente”, pedir para dar um sorriso, elogios indiretos, tocar, invadir o espaço da pessoa, pressionar ou esfregar contra o corpo dela, ataques sexuais furtivos — como agarrar seios ou nádegas —, piadas sexistas e insinuações sexuais.
Treinamento dos 5 D’s
O treinamento da Hollaback! pode ser realizado em um modo digital compacto, com 10 minutos de duração, ou a partir de um webinar com treinadores da organização, que é desenvolvido ao longo de uma hora. Nos dois casos, a intenção é oferecer ferramentas viabilizem o uso de cinco atitudes, denominadas 5 D’s, que podem ser úteis em situações de assédio, que são as seguintes.
Distrair
Finja ser um amigo, pergunte as horas, distraia, seja criativo.
Delegar
Encontre uma pessoa em posição de autoridade — por exemplo, um professor, o balconista ou o motorista do ônibus — e peça a ela que intervenha.
Documentar
Assistir e testemunhar, escrever ou filmar o assédio e fornecer a filmagem à vítima para que ela possa ser usada em caso de alguma ação mais efetiva. Entretanto, nunca publique o que for documentado — como o vídeo ou fotos — sem a permissão da vítima.
Direcionar
Chame e fale com o assediador, depois volte sua atenção para a pessoa que está sendo assediada. Se ele responder, ignore-o e não discuta. Use o Direcionar apenas como último recurso para prevenir a violência. A sua segurança e a da pessoa assediada devem vir em primeiro lugar.
Dialogar
Conforte a pessoa assediada após o incidente e reconheça que o comportamento foi errado. Seja um amigo.
Se você quer saber mais sobre o StandUp e pretende ajudar a combater o assédio às mulheres nos espaços públicos, clique aqui.
Uma dica
Para mais informações sobre os temas abordados nessa matéria, acesse os links disponíveis ao longo do texto. Eles remetem às fontes utilizadas aqui.
Uma dica: os artigos fora da página do Comunidade Ativa que não estiverem em português podem ser traduzidos automaticamente pelo navegador pelo seu navegador. Pra isso, basta clicar com o botão direito em qualquer ponto do texto a ser traduzido e escolher a opção “Traduzir para o português”.