Cultura

O que o Dia das Bruxas, o Dia de Todos os Santos e o Dia de Finados têm a ver com os celtas?

Ainda que perca em notoriedade para outras datas comemorativas religiosas — como o Natal e a Páscoa —, estamos em um período cheio de significados para os católicos. Afinal, os dias 1º e 2 de novembro marcam duas celebrações importantes para a tradição católica.

O que muita gente não sabe é que, de alguma forma, as duas datas têm conexão com o Dia das Bruxas, o famoso Halloween, tão festejado pelos americanos e que acaba remetendo a celebrações da antiguidade celta.

O Dia de Todos os Santos

De acordo com os registros da Enciclopédia Britânica, originalmente, ainda no século 7, o papa Bonifácio IV havia estabelecido o dia 13 de maio para que fosse comemorada a data de lembrar de todos os santos católicos, inclusive daqueles que não tinham um registro específico marcada no calendário. Informalmente, tal festejo já acontecia em datas diferentes nos diferentes lugares, até que o papa resolveu unifica-los todos em um mesmo dia.

Anos mais tarde, no ano 835, o papa Gregório entendeu que seria melhor transferir a celebração para o dia 1º de novembro. Coincidência ou não, a iniciativa combina com os esforços históricos da Igreja Católica para suprimir os festivais pagãos que, a despeito de quase um milênio de catolicismo, ainda persistiam na Europa.

Entre eles estava o festival de Samhain, uma festividade celta que se estendia do equinócio de outono ao solstício de inverno do Hemisfério Norte, quando começava o ano novo pagão, no tempo em que prevalecia a escuridão e o frio. No período que antecedeu ao cristianismo, os celtas acreditavam que, nessa época, a linha que separa o mundo humano do mundo dos espíritos se tornava mais tênue, até que, no dia 1º de novembro do nosso calendário, acontecia o momento mais sinistro do celebração, quando essa separação deixava de existir e os mortos se misturavam aos vivos.

Assim, portanto, a criação do Dia de Todos os Santos justamente na data que seria a mais dramática do Samahin talvez não seja tanta coincidência.

O Halloween

O Halloween, ou o Dia das Bruxas, como ficou mais conhecido no Brasil, teria conexão com as celebrações do Samahin que eram realizadas pelos celtas da Inglaterra e na Irlanda. Ora, mantendo a tradição do Samahin que estava intimamente ligada à cultura popular, mas sem deixar de seguir as orientações da Igreja, o povo começou então a celebrar aquele tempo sinistro nas vésperas do Dia de Todos os Santos — ou do All Hallows, como diziam os ingleses.

Hallow em inglês tem significado de santo ou sagrado, enquanto eve significa véspera. Assim, juntando as duas palavras surgiu o Halloween, comemorado nas vésperas do Dia de Todos os Santos. Mas, as ligações não pararam por aí.

Finados

Desde os tempos mais primitivos da civilização, o culto aos mortos já era importante para os povos, ao ponto de vários deles passarem a dedicar um ou mais dias para lembrar aqueles que já se foram. O próprio Samhain, por exemplo, de alguma forma, destaca a vontade dos humanos de se conectarem com o mundo dos mortos.

Essa foi uma prática mantida pelos primeiros cristãos, que também dedicavam dias para celebrar a memória dos que já morreram. Porém, somente em 998 foi que o abade Odilo, superior da abadia beneditina de Cluny, na França, definiu o dia 2 de novembro como sendo o da celebração católica dos mortos.

Ou seja, na mesma época em que os celtas celebravam a interação do mundo espiritual com o mundo humano foi a que a Igreja Católica escolheu para celebrar os mortos.

 

Uma dica

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