Doença gengival pode causar graves danos à saúde
Estima-se que entre 20% e 50% da população mundial sofram com a doença gengival. Quando está no início, o problema pode ser tratado com alguma facilidade. Porém, quadros mais avançados criam chances de ocorrerem situações irreversíveis, como a perda de dentes, e doenças mais graves.
Em artigo publicado no site The Conversation, a professora Christine Brys, que leciona Ciências Médicas na Universidade Anglia Ruskin, na Inglaterra, destaca quatro condições de saúde associadas à doença da gengiva.
Alzheimer
Entre os estudos que relacionam a doença gengival à demência que foram citados por Christine, um associa a condição crônica do problema — com duração de 10 anos ou mais — ao risco 70% maior de ocorrência de Alzheimer, na comparação com pessoas que têm gengivas saudáveis. A pesquisa também demonstrou um declínio de seis vezes na capacidade cognitiva dos portadores de doença gengival crônica.
Enzimas produzidas por bactérias relacionadas à doença crônica de gengiva e a própria bactéria P. gigivalis, comum em quem sofre com o mal, foram detectadas em necropsias que investigaram cérebros de portadores de Alzheimer. Os resultados não foram suficientes para indicar a dependência entre os dois fatores, mas os pesquisadores concordaram que os cuidados intensivos com a saúde bucal representam um meio de redução dos riscos de Alzheimer.
Doença cardiovascular
Uma pesquisa ampla detectou que pessoas com doença nas gengivas correm risco 30% maior de sofrerem um primeiro ataque cardíaco. Os estudos demonstraram que a inflamação continuada nas gengivas produz um tipo de glóbulo branco que é capaz de danificar o revestimento das artérias, ocasionando acúmulo de placas que aumentam as chances de incidência de doenças vasculares.
Diabetes tipo 2
A inflamação da gengiva é uma complicação conhecida do diabetes tipo 2. Porém, estudos revelaram que a doença gengival crônica também aumenta o risco de desenvolvimento do diabetes tipo 2. Foi demonstrado que a doença gengival contribui para o comprometimento da sinalização da insulina e para a resistência à insulina.
Ensaios clínicos mostraram ainda que a boa higiene bucal melhora o controle do açúcar em pacientes diabéticos.
Cânceres
Pacientes com histórico de doença gengival apresentaram risco 43% maior de desenvolverem câncer de esôfago e 52% maior para câncer de estômago. Na forma crônica, o acréscimo observado foi de 14% a 20% para o risco de desenvolverem qualquer tipo de câncer e de 54% para câncer pancreático.
Prevenção
Há fatores de risco para a doença gengival crônica, como os genéticos, que não podem ser alterados. Porém, hábitos insalubres — como a ingestão de açúcar e o uso de tabaco e álcool — podem ser modificados. Condições que reduzem a produção de saliva e potencializam o problema — como o estresse e o uso de certos medicamentos antidepressivos e contra a hipertensão —, também podem ser tratadas.
Além disso, seguir as clássicas recomendações da boa higiene bucal e da visita regular ao dentista ajuda a prevenir a doença gengival.