Por que escovar os dentes do seu cachorro é tão importante?
Da mesma forma como ocorre em humanos, o acúmulo de placa bacteriana nos dentes de cães, formando o tártaro, pode causar consequências que vão desde o desagradável mau-hálito até as mais graves, que incluem perda óssea, perda de dentes e até complicações mais severas — como doenças cardíacas, por exemplo. Portanto, é indispensável que os tutores mantenham a vigilância sobre a saúde bucal de seus pets, o que deve ser iniciado logo cedo.
Troca de dentes
A escovação dos dentes do animal se apresenta como a melhor medida preventiva. De acordo com a médica veterinária Josaine Borges, que é especializada em Odontologia de Pequenos Animais, o ideal é que o hábito seja introduzido logo cedo, por volta do quarto mês de vida, quando o cão inicia a troca dos primeiros dentinhos pela dentição permanente. “O tutor deve começar fazendo carinhos leves na gengiva do animal, para acostumá-lo com a sensação de toque na parte interna da boca. Isso pode ser feito com uma gaze macia, enrolada nos dedos”, diz a veterinária.
Segundo Josaine, o uso da escova pode ser iniciado já a partir do sétimo mês, que é quando a troca dos dentes se completa. “Para fazer a escovação dos dentes do cão, o tutor deve usar escovas com cerdas macias. As escovas de dentes para animais possuem como vantagem uma angulação diferente, que facilita o ato de escovar os dentes do cachorro. No entanto, qualquer escova de criança com cerdas macias pode ser utilizada”, recomenda.
Creme dental
Existem cremes dentais para cães que variam em composição e, sobretudo, em preço. Eles vão desde os mais baratos até os que custam algumas dezenas de reais. Como têm sabor, alguns podem facilitar a aceitação da escovação pelo pet. Porem, para a veterinária Josaine Borges, uma boa escovação pode ser feita apenas com água, uma vez que esses produtos atuariam apenas como coadjuvantes. “Um creme dental veterinário com sabor de carne ou frango, por exemplo, tende a facilitar a escovação. Mas é preciso tomar alguns cuidados”, considera.
Josaine destaca que na escovação dos dentes caninos em hipótese alguma devem ser usados cremes dentais produzidos para humanos. Isto porque as pastas de dentes que nós usamos contêm flúor, que pode intoxicar os animais, e produzem espuma, que acaba sendo ingerida por eles, que não sabem cuspir. Além disso, como têm sabor acentuado e adstringente, acabam provocando repulsa no pet.
Dia sim, dia não
As bactérias são microrganismos que agem rápido. Assim, em menos de 48 horas elas já começam a se agrupar nas placas que formarão o tártaro, o que exige a escovação periódica. Segundo Josaine Borges, o ideal seria que ela ocorresse diariamente, uma vez que as bactérias podem atacar a dentição com grande velocidade. Mas, se não for possível, a veterinária recomenda seja feita, pelo menos, três vezes por semana. “Pode ser um dia sim e dois não, por exemplo. Se puder todo dia, melhor ainda”, aconselha.
Para que o procedimento seja realizado com eficiência e sem machucar o animal, é preciso atenção e paciência. O melhor é que ele seja realizado em um momento quando o pet está tranquilo e confortável e que seja sempre acompanhado de carinho. “Os tutores podem fazer o movimento de vai e vem cinco vezes em cada lado da boca. Os dentes de trás, na arcada superior, exigem atenção especial. Eles estão posicionados próximos a um importante duto de saliva, o que aumenta as chances de formação de tártaro”, explica Josaine.
A veterinária assegura que, com a prática, esse procedimento não dura mais do que cinco minutos. Ou seja, um pouquinho mais de atenção dedicada ao seu pet pode evitar sérios problemas.
Doenças graves e anestesia geral
Além das doenças periodontais, existem outras de grande gravidade que podem ser causadas pelo acúmulo de tártaro na dentição dos animais — como as cardiovasculares, por exemplo. Portanto, se o problema não for evitado por meio da prevenção, torna-se necessária a intervenção veterinária para a retirada do tártaro ou mesmo, em situações mais extremas, para que sejam feitas raspagens e até a extração de um ou mais dentes que tenham sido afetados.
Considerando que esses procedimentos são bastante invasivos, estressantes e dolorosos, para que sejam executados com tranquilidade e segurança — tanto para o animal, quanto para o profissional — eles devem ser realizados com o cão sob anestesia geral. Segundo a médica veterinária Juliana Durigan Baia, especializada em Odontologia e Cirurgia Bucomaxilofacial de Pequenos Animais, não é possível realizar um tratamento periodontal com qualidade sem o uso de anestesia. “Somente a anestesia geral inalatória é capaz de permitir uma intervenção odontológica completa e segura. A total imobilização do paciente possibilita o acesso dos instrumentos odontológicos à região subgengival sem gerar danos teciduais. A insuflação do tubo endotraqueal impede a entrada de fluidos para o trato respiratório. Além disso, pode-se controlar adequadamente a dor e desconforto dos nossos pacientes durante o procedimento”, diz Juliana em sua cartilha Doenças Periodontais em Cães e Gatos.
Portanto, tanto pelo ponto de vista da saúde e da qualidade de vida do seu pet quanto pelo custo que a falta de cuidados preventivos podem representar, fica evidente que a escovação é extremamente vantajosa.