Para compor “Céu de Brasília”, Fernando Brant se inspirou no céu do Anchieta
* por Ana Clara Brant
Em grande estilo, o Anchieta está na história do cancioneiro popular brasileiro. Isso porque o bairro serviu de inspiração para uma música que foi gravada por nomes consagrados da MPB. Com melodia de Toninho Horta e letra de Fernando Brant (1946-2015), Céu de Brasília é a tal música que eu, como moradora do bairro e sobrinha do compositor, resgato em uma história saborosa que é pouco conhecida do público.
Rua Ipatinga
Era 1974. Logo que se casou, Fernando Brant foi morar em um conjunto de prédios que existe até hoje na Rua Ipatinga, onde viveu durante quase um ano. Naquele tempo, Toninho Horta apareceu com um pacote de músicas para o amigo letrar. “O Toninho já veio com o nome Céu de Brasília e pediu para ele fazer a letra”, recorda Leise, viúva de Fernando.
O mais curioso de tudo é que o autor de Travessia, Canção da América, Nos bailes da Vida, Maria Maria e de tantas outras preciosidades musicais nunca tinha botado os pés na capital federal, que tinha 14 anos à época. Ou seja, o céu do Planalto Central – que por sua beleza e pelas nuances de cores — era chamado pelo urbanista Lúcio Costa de mar de Brasília, para Fernando Brant, acabou sendo mesmo o céu do Anchieta.
Grandes intérpretes
A música foi gravada por vários intérpretes — Wagner Tiso, Zé Renato, Carla Villar e Hamilton de Holanda —, sendo que muitas das versões têm Toninho Horta na guitarra. Como é o caso da primeira gravação em disco, de 1977, feita pela cantora Simone, no álbum Face a Face.
Toninho também gravou a música em dois de seus discos solos. Terra dos Pássaros, de 1980, inclui uma versão com orquestra e com Milton Nascimento no vocal. Já no CD Durango Kid, de 1993, há uma gravação sem orquestra e que tem a música registrada com o título original, em português, seguido da tradução para o inglês.
Foi então que o Céu de Brasília, inspirado no céu do Anchieta, também virou Sky of Brasilia.
* Ana Clara é jornalista.
O texto desta postagem foi publicado originalmente na edição 134 da versão impressa do jornal Comunidade Ativa