Meio Ambiente

Com o uso de tecnologia, a redução do aquecimento global ainda é possível e BH e está fazendo a sua parte

Um levantamento da Prefeitura Municipal de Belo Horizonte (PBH), realizado pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SMMA), aponta que os índices de emissões de gases de efeito estufa medidos no Brasil em 2019 sofreram uma elevação de 9,6% com relação aos de 2018. Considerando as medições dos mesmos anos, Belo Horizonte obteve um desempenho melhor do que o nacional, mas, mesmo assim, foi observada elevação de 4% do volume de gases emitidos no período. Contudo, se a comparação considerar os dados apurados em 2014, a capital obteve expressivos 22% de redução nas taxas de emissão dos gases que figuram como grandes responsáveis pelo aquecimento global.

Os dados são do 4º Inventário Municipal de Emissões de Gases de Efeito Estufa, que relaciona informações dos setores de transporte, de resíduos e de energia do município. De acordo com o Inventário, em 2019, o setor de transporte respondeu por 57% das emissões, seguido de resíduos, com 27% e, em terceiro, de fontes estacionárias de energia, com 16% das emissões.

Queda na atividade econômica e tecnologia

Se pelo ponto de vista ambiental estas informações são animadoras, pelo aspecto econômico, contudo, elas revelam algo preocupante, que é considerado no Inventário. Afinal, a taxa de emissões de gases pode ser relacionada diretamente com o desempenho da economia — ou seja, quando a economia desaquece a tendência é de que haja redução nos índices de emissões.

Portanto, é considera-se que os números também indicam que houve uma desaceleração da economia belo-horizontina após a Copa do Mundo de 2014, que teve Belo Horizonte como uma  das cidades sedes.

Contudo, os relatório não considera apenas os aspectos econômicos. O bom desempenho do período também pode ser reflexo das políticas municipais que favorecem a adoção de tecnologias voltadas para a mitigação das emissões  — por exemplo, a criação de usinas de aproveitamento energético implantadas nos aterros sanitários e na Estação de Tratamento de Esgoto do Arrudas .

Durante durante o lançamento das atualizações do Plano de Redução de Emissões de Gases de Efeito Estufa (PREGEE) da PBH, realizado em dezembro passado, foi destacado que a capital pode alcançar uma redução de 37% dos índices de emissões já em 2030 e de 41% em 2040. Elaborado em 2013 e revisado em 2020,  e Plano tem o objetivo de fornecer subsídios para a cidade alcançar metas mais ambiciosas de redução das emissões de gases de efeito estufa, principal causa do aquecimento do clima.

Ano crucial

Estas ambições se tornam ainda mais importantes em 2021, ano que, para Justin Rowlatt, correspondente chefe da editoria de Meio Ambiente da BBC, pode ser crucial para as mudanças climáticas. Junto à pandemia, que nos mostrou que a humanidade é vulnerável, o que pode despertar a percepção de que o planeta tende a seguir por caminhos que não conseguiremos controlar, existem fatores econômicos que devem impulsionar novas diretrizes.

Rowlatt aponta o barateamento das energias renováveis e a perspectiva sustentável dos negócios que estão surgindo como fatores que representarão grande diferença em um futuro próximo. Os diferenciais podem surgir inclusive a partir dos planos de estímulo à economia que estão sendo adotados em todo o mundo como forma de reação socioeconômica  à pandemia.

Além disso, o repórter observa que os países estão promovendo cortes significativos em suas próprias emissões. Rowlatt também lembra que, em novembro, governante de todo o mundo se reunirão em Glasgow, na Escócia, a fim de intensificar as tratativas em torno das mudanças climáticas iniciadas em 2015, em Paris, o que torna este ano ainda mais especial.

União de fatores

Também da BBC, o jornalista Tom Heap, responsável pela série de rádio 39 Maneiras de Salvar o Planeta, é outro que se mostra esperançoso. Para justificar o otimismo, ele apresenta algumas das inovações que podem transformar positivamente o futuro em curto prazo.

Heap destaca, por exemplo, o cultivo de arroz como um dos vilões do clima, que seria responsável por impacto climático semelhante ao dos aviões. Ocorre que as grandes áreas alagadas que são necessárias para cultivar o cereal também são fontes importantes de emissão de metano (CH4), gás que, junto com o dióxido de carbono (CO2), com o óxido nitroso (N2O), com hexafluoreto de enxofre (SF6) e com duas famílias de gases denominadas hidrofluorcarbono (HFC) e perfluorcarbono (PFC) compõe o grupo dos principais responsáveis pela criação do efeito estufa que se forma em torno da Terra e retém retendo o calor solar em nossa atmosfera.

Contudo, novas tecnologias permitem que o cereal deixe de exigir cultivo em grandes alagados, retirando dele o papel negativo nas mudanças climáticas.

O repórter também destaca que novos equipamentos que convertem a energia solar em eletricidade de maneira mais eficiente e o uso de robôs na manutenção de estações eólicas — expediente que é responsável pelo elevado custo da energia produzida pelos geradores movidos pelo vento — contribuirão para que estas fontes se tornem mais barata e, portanto, mais acessíveis ao público em geral. Com isso, aumentará a tendência de menor uso de combustíveis fósseis, o que também deve afetar positivamente o clima.

Ao mesmo tempo, o uso crescente de madeira de florestas renováveis na construção civil promete elevar a taxa de fixação de carbono, também contribuindo para que as taxas de emissões sejam compensadas dentro de um prazo relativamente curto.

Ou seja, considerando que as projeções belo-horizotinas de redução das emissões de fato sejam cumpridas, é possível que nossa cidade entre em compasso com o que há de mais moderno no mundo nas tentativas de barrar o aquecimento do planeta.

Além de fazermos a nossa parte em nosso cotidiano, a nós nos resta torcer para que, em nossa cidade, em nosso país e no mundo, as grandes decisões públicas e privadas aproveitem ao máximo as novas possibilidades tecnológicas que estão surgindo.

 

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