Fuleco, do Anchieta para o mundo!
Não faz muito tempo, Fuleco vivia discretamente na Rua Cassiporé, no Anchieta, literalmente se ajeitando nos seus quadrados, ou nas caixas que, como qualquer gato, ele adora. Pois agora, veja você, por conta dessa mania, ele está aparecendo no noticiário do G1 e da Globo News e não é sem motivo.
Adotado em 2014 pela consultora de comportamento animal Letícia Orlandi — que foi colaboradora do Comunidade Ativa até dezembro passado, quando se mudou para São Paulo — o bichano sem raça definida participou de um estudo internacional sobre a atração de gatos por espaços que se sugerem a existência de caixas. O trabalho, que foi desenvolvido por pesquisadores da Hunter College, universidade de Nova York, nos Estados Unidos, chamou a atenção de Letícia justamente em função de seu interesse profissional.
“Como profissional de comportamento animal, acompanho os perfis de alguns pesquisadores da área nas redes sociais. Um desses perfis divulgou uma chamada pública para essa pesquisa, informando que qualquer pessoa com um gato e uma impressora poderia participar”, conta Letícia. A tutora do Fuleco explica que o levantamento foi feito utilizando uma metodologia denominada “investigação científica cidadã” em que a coleta de dados depende de pessoas voluntárias.
Letícia entende que foi uma forma de participação interessante, inclusive para o Fuleco. “Para o gato é bem bacana, porque ele não precisa ir ao um laboratório fazer o experimento. Gatos ficam bem incomodados ao sair de casa”, comenta.
De 500 restaram nove, e lá estava Fuleco
Se eu me encaixo, eu me sento: Uma investigação científica cidadã sobre a suscetibilidade ilusória de contorno em gatos domésticos (Felis silvestris catus) — tradução do original If I fits I sits: A citizen science investigation into illusory contour susceptibility in domestic cats (Felis silvestris catus) — é um título autoexplicativo sobre a intenção do estudo que teve Fuleco como um dos destaques. Afinal, dos 500 bichanos selecionados, somente 30 cumpriram todas as atividades. Destes, apenas nove interagiram com as formas propostas no experimento, entre os quais está o gato de Letícia e ela não disfarça o orgulho por isso.
Realizada pelos pesquisadores Gabriella Smith, Philippe Chouinard e Sarah-Elizabeth Byosiere, a investigação teve como objetivo questionar se, além das caixas reais, os gatos domésticos se sentem atraídos por quadrados que sugerem caixas e também por figuras que criam a ilusão de quadrados — como ocorre com Fuleco no vídeo abaixo, produzido por Letícia.
Montando as figuras indicadas pelos pesquisadores, ao longo do estudo, os tutores voluntários criaram formas que iam de um quadrado real, desenhado, a quadrados ilusórios, sugeridos pelas formas arranjadas no chão. A fim de controlar a pesquisa, também foram montadas figuras que não sugeriam quadrados. A ideia era verificar quais desenhos atrairiam os gatos e Fuleco esteve lá, em todas as propostas, dando a sua contribuição.
Memória ancestral
De acordo com Letícia, o motivo de os gatos adorarem caixas e tudo o que sugira a existência de uma caixa — mesmo que seja um quadrado ilusório — vem de uma situação ancestral, na qual o gato figura ao mesmo tempo como predador e como presa. Segundo a consultora, além de oferecerem conforto térmico, limpeza e boa estrutura para os bichanos, as caixas também transmitem a eles a sensação de estarem protegidos dos predadores, enquanto se tornam invisíveis para as presas.
De acordo com o estudo da Hunter College, para o gato doméstico não importa se a caixa é real ou se é apenas um quadrado, mesmo que sugerido por uma ilusão de ótica. Para o bichano, o que interessa é se deitar e se sentir protegido e é exatamente isso o que Fuleco continua fazendo, mesmo em seu momento de fama.
Uma dica
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