Com a variante delta circulando, vacinar contra a Covid-19 é ainda mais necessário. Confira o que diz a especialista!
Por incrível que pareça, ainda existe quem esteja resistente a se vacinar contra a Covid-19, o que se torna ainda mais preocupante no momento. Diante do surgimento de variantes do SARS-CoV-2, que apresentam comportamento de maior transmissibilidade e sintomas mais graves da doença, além das medidas básicas de prevenção — usar máscara, manter o distanciamento de outras pessoas e higienizar as mãos com frequência —, o reforço que a vacina oferece ao sistema imunológico tem se revelado como uma arma imprescindível para barrar o avanço da pandemia, inclusive diante da nova variante delta, que se revelou altamente transmissível.
De acordo com a professora Jennifer Grier, da Universidade da Carolina do Sul, nos Estados Unidos, que estuda as respostas imunológicas a infecções respiratórias, uma pessoa pode desenvolver imunidade — ou seja, a capacidade de resistir à infecção — de duas maneiras: após ser infectada por um vírus ou por ser vacinada.
Contudo, Jennifer destaca que a proteção imunológica nem sempre é igual. “A imunidade vacinal e a imunidade natural para SARS – CoV – 2 podem diferir em termos da força da resposta imune ou da duração da proteção . Além disso, nem todos obterão o mesmo nível de imunidade contra infecções , embora as respostas imunológicas às vacinas sejam muito consistentes“, ela afirma em artigo para o site The Conversation.
Segundo a professora, essa diferença na resposta imune entre vacinação e infecção parece ser ainda maior quando se trata de novas variantes . “No início de julho, foram publicados dois novos estudos que mostram que as vacinas Covid-19, embora ligeiramente menos eficazes do que contra as cepas mais antigas do vírus, ainda parecem fornecer excelente resposta imunológica contra as novas variantes”, ela diz.
Portanto, segundo a especialista, as vacinas contra a Covid-19 oferecem imunidade contra as cepas mais antigas do coronavírus e contra as cepas emergentes, especialmente a nova variante delta .
Imunidade imprevisível
Jennifer observa que a imunidade contra uma determinada doença surge da capacidade do sistema imunológico de se lembrar de uma infecção. “Usando essa memória imunológica, o corpo saberá como combater uma infecção, se encontrar o patógeno novamente”, explica.
Segundo a professora, entre 84% e 91% das pessoas que desenvolveram anticorpos contra as cepas originais do coronavírus, após seis meses, dificilmente seriam infectadas novamente mesmo após uma infecção leve. “Pessoas que não apresentaram sintomas durante a infecção também têm probabilidade de desenvolver imunidade, embora tendam a produzir menos anticorpos do que aquelas que se sentiram doentes. Portanto, para algumas pessoas, a imunidade natural pode ser forte e duradoura”, considera Jennifer.
Entretanto, existe um problema: nem todos desenvolverão imunidade após uma infecção pelo coronavírus. “Até 9% das pessoas infectadas não têm anticorpos detectáveis e até 7% não têm células T (células associadas ao sistema imunológico) que reconhecem o vírus 30 dias após a infecção”, diz a professora
Além disso, mesmo para as pessoas que desenvolvem imunidade, a força e a duração da proteção podem variar muito. “Até 5% das pessoas podem perder sua proteção imunológica em alguns meses. Sem uma forte defesa imunológica, elas se tornam suscetíveis à reinfecção pelo coronavírus”, alerta a especialista.
Outra situação preocupante considerada por Jennifer tem origem nas pessoas que foram infectadas logo no início da pandemia, que podem ser mais suscetíveis à reinfecção pela variante delta. “Um estudo recente descobriu que 12 meses após a infecção , 88% das pessoas ainda tinham anticorpos que poderiam bloquear a infecção de células em cultura com a variante original do coronavírus. Mas, menos de 50% tinham anticorpos que poderiam bloquear a variante delta”, afirma.
Para piorar, uma pessoa infectada também pode transmitir o coronavírus, mesmo sem se sentir doente . “As novas variantes são especialmente problemáticas neste caso, pois são transmitidas com mais facilidade do que as cepas originais”, diz a professora.
Proteção confiável
A professora Jennifer Grier ressalta que as vacinas contra a Covid-19 geram respostas de anticorpos e de células T muito mais fortes e mais consistentes do que a imunidade após a infecção natural. “Um estudo descobriu que seis meses depois de receber a primeira dose da vacina Moderna, 100% das pessoas testadas tinham anticorpos contra o SARS-CoV-2 . Em um estudo que examinou as vacinas Pfizer e Moderna, os níveis de anticorpos também foram muito mais altos nas pessoas vacinadas do que nas que se recuperaram da infecção”, ela diz.
Outro estudo realizado em Israel mostrou que a vacina Pfizer bloqueou 90% das infecções após ambas as doses — mesmo com novas variantes presentes na população. Além disso, verificou-se uma diminuição no nível das infecções, o que significa que as pessoas passaram a apresentar menor probabilidade de transmitirem o vírus para as pessoas ao seu redor. “Para quem já foi infectado pelo coronavírus, ainda há um grande benefício em se vacinar. Um estudo com o vírus da Covid-19 original mostrou que a vacinação após a infecção produz cerca de 100 vezes mais anticorpos do que a infecção sozinha e 100% das pessoas que foram vacinadas após a infecção tinham anticorpos protetores contra a variante delta”, diz Jennifer.
Portanto, fica claro que, ainda que não sejam perfeitas, as vacinas contra a Covid-19 produzem fortes respostas de imunização e oferecem um meio de proteção mais seguro e confiável do que a imunidade natural. “Especialmente com novas variantes à solta”, conclui Jennifer.
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