Legado paisagístico de Burle Marx será tema de aula virtual no próximo dia 7 de agosto
A pintura, a escultura, a criação de joias e a tapeçaria que Roberto Burle Marx realizava talvez fossem suficientes para transformá-lo em um artista plástico de sucesso. Porém, foram os mais de três mil projetos paisagísticos realizados por ele em mais de 20 países que o transformaram em uma das expressões artísticas mais importantes do mundo.
O primeiro trabalho relevante de Burle Marx foi produzido em Recife — na Praça da Casa Forte, em 1934. Porém, o que deu o destaque internacional ao paisagista foram as criações dele para a Pampulha, elaboradas em compasso com o projeto arquitetônico de Oscar Niemeyer.
Algumas das obras paisagísticas do artista para a Pampulha se perderam — como a do Iate Clube, que foi completamente descaracterizada —, enquanto outras sequer saíram do papel. Contudo, o que foi produzido e ainda está preservado — como os jardins do antigo Cassino, hoje Museu de Arte da Pampulha — será motivo de uma aula virtual acontece no próximo dia 7.
O Jardim e o Tempo
O legado paisagístico deixado por Burle Marx será explorado pelo arquiteto e também paisagista José Tabacow no encontro virtual Formações na Pampulha – O Jardim e o Tempo. Consultor do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) na elaboração do dossiê que levou o Sítio Roberto Burle Marx, no Rio de Janeiro, a Patrimônio Mundial reconhecido pela Unesco, Tabacow atuou no Escritório Burle Marx & Cia. Ltda. por 17 anos.
Uma iniciativa da Secretaria Municipal de Cultura e da Fundação Municipal de Cultura de Belo Horizonte, em parceria com o Instituto Periférico, a aula abordará a atemporalidade na obra paisagística de Burle Marx, criando um diálogo com os jardins assinados pelo artista para o Conjunto Moderno da Pampulha. A atividade é uma ação integrada entre os museus públicos municipais da Pampulha e compõe a programação de agosto do Pampulha Território Museus.
As inscrições podem ser feitas pela plataforma Sympla — clique aqui para acessar —até uma hora antes do dia do evento. Mais informações em www.pampulhaterritoriomuseus.com.br.
Burle Marx
Filho de uma pernambucana descendente de franceses e de um judeu alemão, cujo avô era primo do próprio Karl Marx, Burle Marx nasceu em São Paulo em 1909. Porém, foi na casa da família no Rio de Janeiro que encontrou a vocação para a jardinagem.
A formação artística foi iniciada na Alemanha, onde, ainda garoto, passou uma temporada para tratamento dos olhos. Curiosamente, foi no Jardim Botânico de Berlim que o menino se encantou com a flora brasileira que lá estava representada.
De volta ao Rio, Burle Marx ingressou na Escola de Belas Artes, onde foi contemporâneo de Cândido Portinari. Lá ele também iniciou a convivência com Oscar Niemeyer, Hélio Uchôa e Milton Roberto, os grandes nomes brasileiros da arquitetura moderna.
Após o projeto da Praça da Casa Forte, de Recife, o paisagista realizou outros 10 projetos na capital Pernambucana, incluindo a Praça da República e o Palácio do Governo. O próprio Burle Marx reconhecia que a experiência que ele teve na cidade foi determinante para o direcionamento que daria à carreira.
Dali em diante realizou inúmeros projetos no Rio de Janeiro e São Paulo, até que, na década de 1940 se tornou o responsável por vários jardins que integram o Conjunto Arquitetônico da Pampulha, ganhando projeção internacional.
Pelo trabalho realizado, além das honrarias brasileiras — que incluem a Comenda da Ordem do Rio Branco, conferida pelo Itamaraty —, o paisagista também recebeu títulos honoríficos em importantes países — como o de Doutor Honoris Causa da Academia Real de Belas Artes de Haia, na Holanda, e de Doutor Honoris Causa do Royal College of Arts de Londres, Inglaterra — o que confirma que foi um dos maiores paisagistas do mundo em todos os tempos.
Burle Marx morreu no Rio de Janeiro em 1994.