Você sabe a diferença entre família, linhagem, cepa e variante de um vírus? Confira nesse post!
Em tempos de pandemia, estamos expostos a uma série de informações que nem sempre dominamos, o que pode nos causar estranheza e até alguma apreensão com relação ao que significam. Pior do que isso, diante do desconhecido podemos adotar atitudes de descuido ou mesmo de negligência, o que, nessa época, pode ser bastante arriscado.
Dos temas que têm frequentado os noticiários e que estão além do que normalmente estávamos habituados os que falam das mutações do vírus causador da Covid-19 — o SARS-CoV-2 — são dos mais confusos. Afinal, como se não bastasse a ideia de uma doença estar nos preocupando tanto, agora também estamos expostos aos conceitos de “cepas” e de “variantes”, entre outros relacionadas ao comportamento viral.
Portanto, vale a pena entender um pouco mais sobre o que significam esses termos.
Família, linhagem, cepa e variante
De acordo com a Agência Fiocruz de Notícias (AFN), quanto mais um vírus circula maiores são as chances de ele sofrer mutações. Uma mutação ocorre como uma mudança na estrutura de DNA ou de RNA de qualquer organismo. No caso do vírus, na medida em que ele se replica é feita uma cópia da informação genética e é nesse processo que pode ocorrer alguma alteração no material.
A maioria dessas alterações pouco o nada representa na forma como o vírus age. Porém, outras afetam a capacidade viral de se espalhar e de causar doenças, que podem ser mais ou menos graves, dependendo das novas características adquiridas pelo vírus.
A AFN destaca que esse não é um fenômeno exclusivo do SARS-CoV-2. Ao contrário, ele é esperado dentro do processo evolutivo de qualquer vírus. Há mutações, por exemplo, que alteram o vetor de transmissão, numa artimanha que o patógeno adotada para aprimorar a interação com as células do hospedeiro e assim conseguir se propagar com maior facilidade.
Nesse sentido, entre outros artifícios, um vírus pode deixar de ter como vetor principal um morcego e evoluir para se tornar mais adequado ao ser humano, como foi o caso do novo coronavírus.
Família
Segundo a AFN, o termo “coronavírus” em si se refere a uma ampla família (CoV) que pode causar desde um simples resfriado até uma síndrome respiratória aguda grave. Nesta família está o SARS-CoV-2, que começou a apresentar mutações logo no início de 2020, pouco depois de o surto da Covid-19 ter surgido na China.
Linhagens
De acordo com a AFN, as linhagens são grupos de organismos ou de entidades que têm um ancestral comum e que apresentam mutações similares. Em determinadas condições, novas linhagens podem surgir sem grandes novidades no que diz respeito à forma como as entidades agem.
Nos vírus, a maior parte delas não afeta a capacidade de dispersão, de infecção ou da gravidade dos sintomas provocados pela doença. Entretanto, há uma minoria que pode levar a formas do vírus que sejam mais agressivas nesses aspectos.
Cepa
Consultado pela AFN, o cientista Felipe Naveca, da Fiocruz, observa que o termo “cepa” não é muito utilizado em virologia e pode ser visto como um sinônimo de “linhagem”. Ele diz respeito a um grupo de vírus que apresenta características especiais que o diferenciam de seus antecedentes. Essas diferenças podem estar na capacidade de o patógeno se multiplicar, na forma de ser transmitido de um hospedeiro a outro, nos sintomas que provoca ou nas respostas que estimula no organismo.
Variante
Qualquer variação na sequência genética do vírus, por menor que seja, dá origem a uma variante. Sendo assim, dentro de uma mesma linhagem podem surgir variantes que não causam alterações significativas no comportamento viral. Outras, ao contrário, podem provocar mudanças drásticas.
Segundo a AFN, até o momento, já surgiram cerca de mil variantes do novo coronavírus, das quais cerca de 60 a 100 estão circulando no Brasil. A variante Delta, por exemplo, que tem causado tanta preocupação nos infectologistas, é um subtipo da linhagem viral B.1.617, que surgiu na Índia em outubro de 2020.
Variante de preocupação
Em maio deste ano, quando foi detectado o agravamento dos surtos de Covid-19 na Índia e no Reino Unido, a OMS declarou a variante Delta como sendo “de preocupação”. Portanto, são chamadas variantes de preocupação aquelas que se tornam mais transmissíveis, causam sintomas mais graves ou que conseguem escapar das vacinas. A boa notícia é que uma menor parte das variantes chegam a ser preocupantes.
E como podemos nos precaver?
Segundo a professora Lilly Cheng Immergluck, de Bioquímica, Microbiologia e Imunologia da Morehouse School of Medicine, dos Estados Unidos, a vacinação se mantém como um grande recurso entre as melhores defesas contra todas as variantes. “Quase todas – 99,5% – das mortes por COVID-19 nos EUA nos últimos meses ocorreram entre pessoas não vacinadas”, destaca Lilly.
A professora ressalta ainda que as diretrizes mais recentes do CDC voltaram a recomendar que todas as pessoas usem máscara em áreas de transmissão substancial ou alta , independentemente de estarem vacinadas ou não. “Mais cuidado deve ser tomado, especialmente se você não estiver totalmente vacinado ou tiver um sistema imunológico enfraquecido”, ela recomenda.
Para a especialista, outro fator a ser considerado é o nível de transmissão na comunidade — o chamado “RT”, que a Prefeitura de Belo Horizonte divulga todo os dias — e a proporção de pessoas não vacinadas em uma região. “Por exemplo, alguém que vive em uma área que está abaixo da média nacional de vacinação pode ter uma chance maior de encontrar alguém que não foi vacinado – e, portanto, mais propenso a espalhar o coronavírus – do que alguém em uma área com taxas de vacinação mais altas”, explica.
Lilly ressalta que as diretrizes fornecidas pelas autoridades de saúde pública não são feitas sob medida para cada pessoa e não avaliam os riscos individuais. Por isso, precisamos ter atenção especial com relação a fatores particulares que podem aumentar o risco de transmissão. Como os que tornam as pessoas menos resistentes a doenças e os que se relacionam ao uso de transporte público, por exemplo, e ao contato com pessoas que utilizam esses meios.
A professora reforça que as vacinas continuam sendo a melhor proteção contra todas as cepas do novo coronavírus. “Mas o mascaramento, o distanciamento social e a prevenção de multidões e espaços internos mal ventilados adicionam camadas extras de proteção contra infecções invasivas e reduzem o risco de espalhar o vírus inadvertidamente”, conclui.
Uma dica
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