O que fazer para adaptar o seu pet à chegada de um novo bicho à casa?
Quando é filho único, o pet da casa recebe toda a atenção da família e tem os espaços só dele, que nem sempre quer compartilhar. Por isso, se você resolveu adotar um novo peludo, o que pode ser uma boa ideia, convém seguir algumas dicas para que tudo dê certo.
Segundo a a consultora em comportamento animal Letícia Orlandi, a primeira delas é ter paciência. Afinal, tanto o animal da casa quanto o novato precisarão de um tempo para se acostumarem um ao outro. Para ajudar nesse processo de adaptação, Letícia preparou algumas dicas sobre o que fazer e o que não fazer ao apresentar o novo membro da família. Confira!
O que é certo?
- Cuidados preliminares – Antes de tudo, certifique-se de que tanto o pet da casa quanto o novato estão com as vacinas em dia, se estão livres de pulgas e devidamente vermifugados. Há tipos de verminoses que são transmitidas ou que só se manifestam a partir do momento em que dois animais passam a conviver.
- Primeiro encontro — No caso dos cachorros, procure levar o seu pet para conhecer o novato no lugar onde ele estiver — no abrigo, ONG ou canil. Outra possibilidade interessante é escolher um território neutro. O objetivo é de verificar a afinidade e evitar excessos de territorialidade e proteção. Outra opção é levá-los para uma caminhada, se possível, com duas pessoas, de forma que eles fiquem próximos, mas a uma distância segura um do outro.
- Troque cheiros – Para as duas espécies, promover a troca de cheiros é uma boa opção. Pra isso, antes da chegada do novo animal, você pode trocar entre eles as mantinhas, brinquedos e caminhas. Assim, quando eles se encontrarem, os cheiros serão familiares para ambos.
- Isolamento – Se você for apresentar um cachorro a um gato, mantenha o cão restrito a um cômodo e realize treinos com ele durante todo o período em que estiverem separados. O treino vai ajudá-lo a mudar de foco toda vez que houver o impulso de perseguir o bichano. Usar caixas de transporte e portões de separação são boas formas de, gradualmente, permitir que os animais convivam inicialmente sob supervisão.
- Na coleira – Se a apresentação for de um cão a um gato, mantenha o primeiro na coleira no momento da introdução. Se forem dois cães, os dois devem estar na coleira.
- Petiscos – Tenha petiscos sempre à mão no momento da introdução. Assim, você consegue recompensar bons comportamentos ou desviar a tensão. O ideal é que haja uma pessoa por pet neste momento.
- Prepare a recepção – Deixe tudo preparado para o novo animal: cama, cobertor, comedouro, bebedouro e brinquedos separados. No caso de gatos, não se esqueça de uma nova caixinha de areia só pra ele.
- Seja firme – Mantenha as mesmas regras da casa para o novo integrante. Por exemplo: não implorar comida durante as refeições dos humanos.
- Acompanhe tudo – Observe se todos os animais estão comendo, bebendo e evacuando normalmente.
- Sociabilização do novato desde o primeiro dia – Se na sua casa há um bebê que chora ou um aspirador de pó que é usado com frequência, o novo gatinho ou cachorrinho deve se familiarizar com esses elementos.
- Use feromônios – Pelo menos dois dias antes da chegada do novo animal, use um difusor elétrico de feromônios e mantenha plugado na tomada do cômodo que será utilizado pelo novato nas primeiras semanas. Letícia indica Feliway para gatos e Adaptil para cachorros.
- Considere uma terceira adoção – Se você tiver um gato mais velho e estiver pensando em adotar outro ainda filhote, considere a possibilidade de adotar dois filhotes. Seria mais interessante um fazer companhia ao outro, enquanto o mais velho se acostuma com ambos.
- Peça ajuda ao amigo – Em vez de você ou outra pessoa da família levar o novato para dentro de casa, peça a alguém de fora, a um amigo, por exemplo, para trazê-lo.
O que é errado?
- Deixar o instinto agir – Mesmo que pareça uma brincadeira, permitir que o seu cachorro persiga o novo animal, seja ele um cão ou um gato, é errado. Muitos cães têm instinto de caça e devem aprender que perseguir outros animais não é um comportamento aceitável.
- Liberar geral – Oferecer ao novo gato muito espaço nos primeiros dias também é errado. Em vez disso, mantenha-o em um cômodo separado com porta onde haja água, comida, brinquedos, arranhadores e uma caixa de areia. Tome o cuidado para manter a caixa de areia longe da comida e da água. Esse refúgio não deve ser invadido em hipótese alguma pelo animal residente.
- Pular etapas – Permitir que a ansiedade pela adaptação tome conta de você é errado. O que dá certo — com comprovação científica — é seguir os passos em sequência, só passando à próxima etapa se os dois animais estiverem relaxados. Ou seja, inicialmente, mantenha a separação total com refúgio. Em seguida, permita o contato apenas visual sob supervisão para depois permitir o contato no mesmo ambiente sob supervisão. Só quando tudo estiver seguro permita o tão sonhado “passe livre”. Faça com que as primeiras atividades em conjunto sejam prazerosas para que o pet residente e o novato aprendam a associar o prazer à presença do outro animal. Alimentação — cada um com seu próprio pratinho —, brincadeiras, carinhos e elogios são exemplos desse tipo de atividade. Regule suas expectativas: podem ser necessários meses para uma adaptação completa. Em alguns casos pode levar até dois anos.
- Não supervisionar – Independente se a adaptação está sendo feita entre dois cães, dois gatos ou entre um cão e um gato, deixar que os bichos fiquem juntos sem supervisão antes de você ter certeza absoluta de que eles se dão bem é errado.
- Assustar com reações – Preocupar-se demais caso o primeiro contato não seja muito positivo também é desnecessário. Ouvir o “fsssstttttt” felino e rosnados dos cães em um primeiro momento não é sentença de tragédia. É natural. Você deve recompensar o simples fato de eles tolerarem um ao outro e deve intervir se houver agressividade com risco de lesão. Além disso, lembre-se de que dois cachorros ou dois gatos ou mesmo um cão e um gato podem dividir uma casa e serem felizes sem necessariamente dormirem juntos e se comportarem como irmãos da mesma ninhada.
- Deixar as crianças agirem livremente – Permitir que crianças exagerem na interação com os animais ou que os manipule em excesso é errado. Mesmo que seus pequenos humanos estejam acostumados com pets, é preciso ter em mente que o novo animal não está acostumado com nada. Além disso, cada animal é único.
Para finalizar, Letícia destaca que, pelo menos nos momentos iniciais, o ideal é que o processo de adaptação entre os pets seja acompanhado por um veterinário ou por profissional especializado em comportamento animal. “De qualquer forma, se houver uma agressão com lesão a um dos animais ou conflitos que tragam risco para animais e tutores, peça ajuda profissional imediatamente. Ter paciência é importante, mas saber os limites de bem-estar também é”, conclui a consultora.