Um Sopro de Vida: o drama de Luiz Carlos Novais
Quem acompanha o Carnaval de Belo Horizonte sabe da dedicação do morador do Anchieta Luiz Carlos Novais à folia da capital, iniciada ainda na década de 1970. Nos anos 2000, mesmo tendo se tornado cadeirante, driblando as próprias limitações e também as de orçamento impostas às agremiações carnavalescas da capital, como presidente da Bem-Te-Vi e, mais tarde, da Imperavi de Ouro, sempre com a esposa Vera ao lado, Luiz não poupou esforços para colocar na avenida o melhor das escolas de samba. Porém, nem todo mundo conhece a história de tragédia e de superação que há na vida do carnavalesco.
Pois é esta a história que inspirou suas filhas Jéssica Novais e Jordana Novais a escreverem o roteiro de Um Sopro de Vida, curta metragem do Estúdio de Atores que teve exibição no cinema e está disponível no YouTube.
Tiro
Em 20 minutos, o curta conta um episódio na vida de Carlos — o próprio Luiz—, que, no auge de sua carreira como agente judiciário do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), resolveu fazer um favor a um amigo. Para quem em outra época já havia trabalhado na noite belo-horizontina, a missão era simples: as- sumir o comando de uma casa noturna da cidade somente naquela data — um domingo do Dia dos Pais.
O que ninguém esperava — e ninguém nunca espera por isso — é que um tiro mudaria toda a ordenação das vidas de Carlos e de sua família.
Lembrança
Em 2001, quando a tragédia da vida real aconteceu, Jéssica e Jordana estavam com 7 e 3 anos, nessa ordem, o que faz com que o fato não esteja tão vivo em suas memórias. Porém, o que as duas recordam revela o início de tempos difíceis. “Eu lembro que fiquei bem agitada e até um pouco agressiva. Manifestava externamente tudo o que estava sentido”, conta Jéssica.
Na memória de Jordana estão as transformações na rotina, muito importantes para uma criança tão nova. Como Vera, a mãe, tinha que cuidar do marido, Jéssica foi morar com uma tia e Jordana com a avó. “Recordo que tive que mudar completamente de vida, adotando novos hábitos e frequentando uma nova escola”, ela diz.
Assim, com as emoções vindas das lembranças que têm e com a colaboração dos depoimentos dos pais, as irmãs roteirizaram o curta.
Roteiro
O filme se sustenta sobre o conteúdo de realidade e sobre a emoção provocada por um momento tão sensível para a família, o que tornou a experiência da roteirização algo muito especial para as irmãs. “Foi surreal escrever junto com a minha irmã a história do meu pai, dando voz à minha família. Além de escrever o roteiro, eu participei de toda a gravação nos bastidores e fiz uma pequena atuação. Confesso que fiquei à flor da pele. De todas as gravações eu saia chorando e bem emocionada”, revela Jéssica.
Segundo Jordana, mesmo abordando uma história familiar tão difícil, as duas optaram por um processo de criação leve. “Tivemos uma dinâmica muito boa para escrever. Conversamos bastante com nossos pais para ajustar detalhes e adaptar tudo da melhor forma. Foi muito emocionante ler a versão final”, ela diz.
Tela grande
Mais emocionante foi a experiência das irmãs, que também são atrizes, quando viram o curta sendo exibindo no Cinemark Pátio Savassi, durante o Festiva Audiovisual do Estúdio de Atores do ano passado. “Só de estar passando no cinema, no Cinemark em específico, já foi incrível. Além disso, ter a oportunidade de ver parte da história das nossas vidas ser contada foi algo difícil de explicar em palavras. Principalmente, porque nossa família estava assistindo e porque meu pai estava lá”, diz Jéssica.
Para Jordana, a sensação também foi especial. “Assistir ao filme finalizado em uma sala de cinema lotada e ver uma história escrita por mim e por minha irmã na telona foi uma emoção indescritível. Con- tar a história do nosso pai e levá-lo para assistir foi emocionante em muitos aspectos”, conclui.
Para saber mais sobre essa história, use o QR Code ao lado e acesse o curta Um Sopro de Vida no Youtube.