Saúde & Qualidade de Vida

O seu creme dental tem antecedentes milenares

A pasta de dente cremosa que usamos hoje em dia é uma invenção do século 19 que tem antecedentes milenares. Afinal, já na Antiguidade, os egípcios utilizavam misturas que tinham a função de limpar os dentes, como fazem os produtos modernos. Além disso, os cremes dentais da atualidade são produzidos com formulações que, em parte, repetem princípios utilizados no passado.

Primórdios

Achados arqueológicos indicam que, por volta de 5000 a.C., no Egito, a mistura de ossos, conchas de ostras e carvão triturados resultava em um pó que servia para a limpeza dos dentes. Em 3000 a.C., uma receita mais saborosa levava sal, pimenta, casca de ovo e folhas de menta. O sal também foi usado pelos chineses entre 500 a.C. e 300 a.C. em um preparo que ainda levava ginseng e hortelã.

Outras receitas surgiram com o tempo, inclusive com a adição de ingredientes inusitados às fórmulas, como giz e tijolos moídos. Até que, em 1824, um certo Peabody, um dentista americano de quem não se sabe o verdadeiro nome, teria acrescentado sabão ao pó dental, criando a forma pastosa para a venda do produto, que, então, era embalado em potes.

A partir de 1892, os potes começaram a ser substituídos por uma embalagem mais prática e higiênica inventada por Washington Sheffield, outro dentista americano que estava incomodado com o fato de várias pessoas mergulharem as escovas de dentes em um mesmo pote. Como solução, Sheffield desenvolveu um tubo semelhante aos atuais, no qual ele acondicionava o creme dental que produzia.

Durante o século 20, várias substâncias foram incluídas em novas formulações, até chegar aos cremes dentais que hoje estão disponíveis no mercado.

Porém, a ideia básica dos egípcios permanece.

Base

Da mesma forma que faziam os antigos, as indústrias atuais continuam utilizando abrasivos na remoção das manchas e dos resíduos da dentição. Porém, em vez de usar ossos e tijolos na fórmula das pastas de dente, hoje, substâncias mais delicadas, como o pirofosfato de cálcio, a sílica e o óxido de alumínio, cumprem a mesma função daqueles componentes do passado, fazendo isso de forma menos agressiva.

A menta e a hortelã já usadas na Antiguidade continuam em alta, mas inúmeros outros aromatizantes concorrem pela preferência do consumidor. Atualmente, existem cremes dentais com sabores dos mais variados, que vão do eucalipto ao brasileiríssimo açaí.

O sabão usado por Peabody foi substituído por compostos espumantes mais apropriados, que ajudam a espalhar as demais substâncias pela dentição. Além disso, vários outros aditivos foram incorporados às fórmulas, cada um com uma função específica.

Saúde bucal

O flúor, por exemplo, combate a cárie, enquanto agentes antimicrobianos controlam a fauna e a flora bucal e os clareadores buscam restituir a coloração original da dentição. Contudo, há cremes dentais que cumprem várias funções medicinais.

As pastas de dente medicinais vão além da limpeza da dentição, buscando a prevenção e o tratamento de problemas bucais. Pastas para a sensibilidade dentária, por exemplo, contêm nitrato de potássio, citrato de sódio ou cloreto de estrôncio, substâncias bloqueadoras dos túbulos dentinários, que também despolarizam as terminações nervosas, reduzindo as sensações dolorosas provocadas por estímulos térmicos, químicos ou táteis que os dentes recebem.

A prevenção e o tratamento da gengivite e o controle da formação de placas bacterianas são feitos por cremes dentais que incluem na formulação o triclosan, um agente antibacteriano de amplo espectro, e em, alguns casos, o zinco, que potencializa o efeito bactericida. As pastas antitártaro, por sua vez, contêm pirofosfatos e citrato de zinco, agentes inibidores da cristalização da placa bacteriana que evitam a formação do tártaro.

Já as doenças periodontais geralmente são tratadas com o suporte de pastas de dente contendo clorexidina, um antisséptico potente que reduz a carga bacteriana, e outros agentes antimicrobianos, como o triclosan e o zinco, já citados.

Óleos essenciais naturais, como timol, mentol e eucaliptol, também podem compor a formulação de cremes dentais para o tratamento das doenças periodontais. Ainda, para esses casos, pastas de dente contendo aloe vera têm efeitos cicatrizantes e anti-inflamatórios, enquanto os extratos naturais de arnica, camomila e malva fornecem propriedades que ajudam a acalmar a irritação da gengiva.

Os cuidados com os dentes iniciados na Antiguidade hoje contam com recursos muito eficazes. Para aproveitar adequadamente cada um deles, é importante saber escolher a pasta de dente mais apropriada para as necessidades individuais de cada paciente, o que pode ser feito de forma segura com a ajuda de um dentista.